Gestor: um adjetivo para políticos que não tem (outra) qualidade

quarta-feira, 8 de agosto de 2012 10:36 Postado por Roberto Sampaio

Em recentes eleições, tanto no Brasil, quanto no exterior, o adjetivo “gestor” tem sido utilizado como uma característica positiva, embora não seja. O político-gestor sempre destaca a sua capacidade pragmática e de resultados imediatos, aproximando a administração pública da empresa privada, mas isso ocorre porque eles não possuem outra qualidade para apresentar ao eleitor.

Essa tática foi adotada, nas eleições de 2008, por Gilberto Kassab em São Paulo e por Márcio Lacerda em Belo Horizonte. A propaganda não é nova. Na década de 1950, Ademar de Barros e Jânio Quadros disputavam o cenário político paulista expondo suas qualidades pragmáticas.

Usualmente, os políticos-gestores destacam, nas eleições seguintes, o número de obras realizadas em seus mandatos. Essa estratégia de marketing tem sido utilizada pelo prefeito de Belo Horizonte. A praça da Savassi passou por uma revitalização e dois corredores recém-duplicados, Antônio Carlos e Cristiano Machado, estão sofrendo reforma para um novo sistema de transporte.

Infelizmente, esse entusiasmo por obras não atingiu a política de saúde. O prefeito Marcio Lacerda, apesar de afirmar, no site de sua campanha à reeleição, que o Hospital Metropolitano do Barreiro será entregue no final do ano, é desmentido por fontes governamentais, que declaram que as obras estarão concluídas em 2014. Outras obras da Secretaria de Saúde também não foram construídas (página 16), como os Centros de Referência em Reabilitação (CREABs) do Barreiro e do Venda Nova, prometidos na campanha de 2008.

Os políticos-gestores preferem obras grandiosas, que chamam a atenção visual do público, ainda que algumas possam ser importantes para a cidade. Algumas políticas públicas essenciais para a cidade, como as políticas de saúde e educação, fogem aos políticos-gestores, pois elas não apresentam resultados imediatos.

Se hoje Belo Horizonte tem bons índices de saúde, deve-se às políticas implementadas durante a década de 1990 e de 2000, como a política de municipalização da saúde e a implementação dos atendimentos municipais de urgência durante o mandato de Patrus Ananias. Nesse sentido, a experiência política, seja em cargos eletivos ou na administração pública, é importante, porque confere ao indivíduo uma visão global da função do Estado e a capacidade de elaborar projetos que tenham impacto e resultados positivos em longo prazo.

Ao Marcio Lacerda falta essa qualidade, como pode ser comprovado pelo seu descaso com a saúde, por isso que sua principal característica é a de gestor, porque não há nenhuma outra característica positiva para demonstrar, mesmo depois de 4 anos como prefeito de uma das maiores cidades do Brasil.

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