Em
recentes eleições, tanto no Brasil, quanto no exterior, o adjetivo “gestor” tem
sido utilizado como uma característica positiva, embora não seja. O
político-gestor sempre destaca a sua capacidade pragmática e de resultados
imediatos, aproximando a administração pública da empresa privada, mas isso
ocorre porque eles não possuem outra qualidade para apresentar ao eleitor.
Essa
tática foi adotada, nas eleições de 2008, por Gilberto
Kassab em São Paulo e por Márcio Lacerda em Belo Horizonte. A propaganda
não é nova. Na década de 1950, Ademar de Barros e Jânio Quadros disputavam o
cenário político paulista expondo suas qualidades pragmáticas.
Usualmente,
os políticos-gestores destacam, nas eleições seguintes, o número de obras
realizadas em seus mandatos. Essa estratégia de marketing tem sido utilizada pelo prefeito de Belo Horizonte. A praça
da Savassi passou por uma revitalização e dois corredores recém-duplicados,
Antônio Carlos e Cristiano Machado, estão sofrendo reforma para um novo sistema
de transporte.
Infelizmente,
esse entusiasmo por obras não atingiu a política de saúde. O prefeito Marcio
Lacerda, apesar de afirmar, no site de sua campanha à reeleição, que o Hospital
Metropolitano do Barreiro será entregue no final
do ano, é desmentido por fontes governamentais, que declaram que as obras
estarão concluídas em 2014. Outras obras da Secretaria de Saúde também não
foram construídas (página 16), como os Centros de Referência em
Reabilitação (CREABs) do Barreiro e do Venda Nova, prometidos
na campanha de 2008.
Os
políticos-gestores preferem obras grandiosas, que chamam a atenção visual do
público, ainda que algumas possam ser importantes para a cidade. Algumas
políticas públicas essenciais para a cidade, como as políticas de saúde e
educação, fogem aos políticos-gestores, pois elas não apresentam resultados
imediatos.
Se
hoje Belo Horizonte tem bons índices de saúde, deve-se às políticas
implementadas durante a década de 1990 e de 2000, como a política de
municipalização da saúde e a implementação dos atendimentos municipais de
urgência durante o mandato de Patrus Ananias. Nesse sentido, a experiência
política, seja em cargos eletivos ou na administração pública, é importante,
porque confere ao indivíduo uma visão global da função do Estado e a capacidade
de elaborar projetos que tenham impacto e resultados positivos em longo prazo.
Ao
Marcio Lacerda falta essa qualidade, como pode ser comprovado pelo seu descaso
com a saúde, por isso que sua principal característica é a de gestor, porque
não há nenhuma outra característica positiva para demonstrar, mesmo depois de 4
anos como prefeito de uma das maiores cidades do Brasil.
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